quinta-feira, 23 de maio de 2013

Tecidaria

Seu rosto rosado é doce, da vontade de morder e beijar, de te beijar os cílios bondosos [...]

Você me beijou as mãos e deitou comigo em cima do mundo,
a gente já tinha derretido, e eu ouvia a valsa e barulho de sinos e chaves.

Será que a gente nasceu ou morreu?
Tem quem chame um orgasmo de pequena morte, sabe a euforia antes do fim?

Talvez morrer seja assim...


quarta-feira, 15 de maio de 2013

Um cão andaLuz.

“T-t-t-t-t”, soava a língua nas costas dos dentes da japonesa vestida de segurança do metrô. Quase de quatro, correndo atrapalhada, patinando nas botas, meio de pé meio abaixada.

Atrás dela outros dois homens, andando quase correndo, chamando nomes e falando no radinho, além deles mais duas pessoas ou três sem hora certa pra chegar em lugar errado ou hora errada pra chegar em lugar certo ou vice-versa intermitente, gente sem o que fazer, que os acompanhavam na corrida, palpitando, é claro.

O perseguido, vagabundo, vinha correndo descendo as escadas, um meliante com certeza, ladrão de marmitas do meio fio e extorquidor de carinhos na barriga, corria, com a língua caindo da boca pela lateral direita, corria, se divertia, desvendando a plataforma do metrô, enquanto lhe estalavam os dedos e chamavam por totó. Três seguranças e não sei quantos curiosos pra pegar um vira lata solto pela estação da Luz.

Eu estava também de passagem, foi muito breve minha troca de olhares com o cachorro, não sei quanto tempo demoraram para pega-lo, não sei se ele se divertiu e roubou carinhos, ou se esteve em apuros com o rabo entre as patas, só entendi uma alegria imensa em correr por onde não se conhece, com plena consciência de que é lindão e ainda não sabe o que vai almoçar, e só.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

queria enfiar a língua nas suas amígdalas
queria você, para me tocar de perto.

de nós, eu não tenho nenhum retrato.
não tenho nenhuma carta, nenhum bilhete seu.
não tenho um desenho, e nem lembro de nenhuma música 
que você disse que fez pra mim,
mas fez porque estava triste.

de você eu só tenho uma florzinha, 
que você roubou na rua
também te roubei uma
mas tenho certeza que perdeu a sua

eu só tenho essa florzinha, 
e não quero olhar pra ela para não chorar...
você não gosta dos meus poemas,
sempre tenho que perguntar se você leu
o que achou, se gostou...
você não gosta de me ouvir dizer que te amo.

eu te amo, eu te amo, eu te amo.
mas estou tão cansada,
não acredito nas suas palavras
e não sei como vai ser quando eu te ver.
eu te amo, tanto. Mas ficou pesado demais pra mim
queria muito ter um retrato, meu e seu,
pra lembrar que a gente já foi feliz,
por que só lembro de a gente brigando?

estaria eu na foto de cara inchada?
olhos vermelhos?
nós já estivemos bem?

sábado, 4 de maio de 2013

Rivalidade entre Mulheres



Em um cumprimento a grávida ofereceu a mão,  Maria cuspiu-lhe, depois cuspiu nos seus olhos atônitos, que nada entendiam, só escorriam, baba e lágrimas,  pingando na enorme barriga.

Certa vez avó Maria no supermercado

-Mas a senhora quer tomates para que exatamente?

-Política.