terça-feira, 23 de outubro de 2018

Pátria armada

Pátria armada
desalmada
salve salve
se quem puder

mudar de sonho intenso
sonhar em silêncio
um sonho tímido

amor esperança
violência agressão
arroz feijão
banalidade inverdade
tem marmelada
tem sim senhor

formoso é o céu
mas não tem poesia que dê jeito
não tem papo
o sangue vai rolar
e não vai ser o deles

O seu futuro espelha avareza

Como sempre foi e ainda mais

Nunca foi bom
É perverso dizer que foi

E muito mais perverso não dizer
que o está por vir é pior

e pagar pra ver vai doer
No preto, na mulher, no indigena e no menor

Eu não tenho inimigo
tenho pena de quem está iludido
todo mundo quer tomar partido
E eu só querendo viver

O povo é pobre
a alma tem fome 
e não sabe de que

Pátria armada
desalmada
Pare o trem que eu quero descer
salve salve 
se quem puder

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Sao paulo

É uma tentativa de amar e ser amado
Uma prova de incompetência

Camuflagem de erros
Dissipador de sonhos

Sao paulo se alimenta da percistencia
Do resto do extinto mais humano

Que restou nos seres
Que fazem a máquina girar

Sao paulo é uma soma única
Um filho de todo mundo e de ninguém

Crise, assalto, morte e doenca
Aquela plantinha que nasce no vao do asfalto

É saber que você está vivo
Mesmo quando tudo ao redor
se esforca para demonstrar sua insignificancia

E eu tenho saudade
Dos lugares favoritos
Das esquinas e becos secretos

Acho que porque aprendi em Sao Paulo
a ser auto destrutiva, agora tenho saudade
De instalar ordem no caos da minha cidade






domingo, 6 de maio de 2018

no encontro com o novo
se manifesta a minha falta de inteligência
terror
desespero
e solidão

a memória recorta os fatos
eu jogo contra mim

sadismo tímido
bipolar

começo a contar e não termino
estatística
faço afirmações positivas
auto hipnose

depois me distraio
viro existencialista e sofro até dormir sem lembrar com o que me preocupava

 e sonhar com algo ruim

no encontro com o novo se manifesta meu despreparo
instabilidade
fraqueza

incapacidade
crise

e vou procurando em todos os outros um pouco dos meus medos
pra me desculpar

sensatez tem me ofendido
tenho inveja de quem tem menos problemas

meu coração ė revolucionario
ou foi

pavor
o céu tem uma cor bonita
e a estação deveria ser favorável à uma melhora de humor

mas tenho ainda muito medo





terça-feira, 1 de maio de 2018

Existencial


Um ser essencialmente existencial

chato

Na complexidade dos seus sentimentos
e espaços vazios

Dos significados sem palavras
das incapacidades

que preenchem o tudo e o nada

e não servem para nada

Um ser sentimental

banal

crítico demais e sozinho

Um ser como todos os outros em um dia ruim

Que um dia leu Bukowski e se encontrou

Um ser  não adaptado

da era do computador

1994

Me motiva muito pouco um papel e uma caneta

Mas as palavras ainda são

a menina dos olhos

A internet é minha terapeuta

Tento reter minhas capacidades

sobreviver

e não emburrecer

melhorar

ser amável

e existir

me fazendo perguntas










sábado, 31 de março de 2018

A morte é uma visita
que deixou suas coisas na sala

A falta se desdobra
eu vou mudando de lugar as malas

Tentando fazer caber

A visita nao foi nenhuma surpresa
mas demanda como sempre

Movimento
sentimento, necessidade de ocupar e desocupar

De ajustar
Respiro o ar com estranheza

O que mudou
com os olhos nao se pode ver

Tristeza

Saudades, nostalgia
contagiam os cantos, se instalam

Minha boca escolhe as palavras
com sensatez

Eu sinto muito
pelo dito e pelo nao dito

Pelo feito e pelo esquecido
pelas promessas que nao se cumpriram.

Vivemos
dividimos

A matéria nao é eterna
mas memória é terna





Se sombras em silêncio rezam em vão
Se eu ainda penso em encontrar suas mãos

Eu não estive e você não estará para outro verão

Nem pros olhos tristes
Estão os dedos em riste
No violão

Nem para outra lição, outra canção

Um prato a menos na mesa
Uma vela acesa

Se sonhos em silêncio despertam ou não
se ainda penso em encontrar suas mãos

Eu não estive e você não estará
para o outro verão
encarar a morte com sensatez 
o último desejo nao foi dito,
nao foi escrito
mudez

ética surda
papo de louco

pendura, lava, poem, tenta, destenta, tira, liga, desliga.

o ar é frio e condicionado
as complicacoes se somam até o sono sem volta

o último desejo da minha avó
ninguém nunca vai poder adivinhar

olhos de mar
pensamentos desconexos

as últimas palavras emergiam embargadas
os enredos complexos
das histórias que nao vamos saber

a foto da minha avó quando jovem
sempre foi e sempre será só estranheza

todas as pedras viraram pó
em nossa memória, um castelo
suas fortalezas e buracos

quem foi Maria José?

ela foi a nossa maior parte
nao a mais presente, nem a mais afetuosa.

mas essencialmente a nossa parte
que entoo orgulhosa.

talvez seu último desejo, nem ela mesma sabia
mas se eu tivesse de dizer, diria

que ela tinha desejo de casa, de pedra
de tronco e de terra.

e como qualquer outro em cima da terra
por mais estranho que possa parecer

Maria José queria ser amada. 



quinta-feira, 22 de março de 2018

Tem um buraco

E sempre há de ter

o que é do bicho

o homem come, e o que de outro homem ele come também.
Desta vez não tenho a sensação de estar longe de casa,  vou esburacando os meus medos e entochando sonhos por todos os lados.

Eu não estou mal, eu não estou com saudades, eu não estou com paciência.

Eu gosto de estar de baixo do céu azul, do céu imenso e de ser um ser humano vivo e que pensa, que sente e sonha por todos os poros.




Pesadelo sem acordar

O peixe no cozido
está vivo
nó no ouvido
zumbido na garganta
de nada adiante
pare o avião
eu quero comer