Lajotas, Areia e Argamassa
Muro, Ponte, Corrimão
Parede, Paredão e Vidraça
Espelho, Batom e Mulheres Arrumadas
Aperto de mão, Contramão, Palmas e Mão Suada
Mão Molhada, Mão na Mão, Mão estendida na Calçada
Menina com a cabeça encostada na vitrine
Vê suas vontades se traduzindo em objetos de desejo
Bonecas, bebes e crianças.
Crescidinhas Moças, Homens e Rapazes.
Mulheres de meia e mulheres que mentem idade
Sonham, Projetam e Atravessam.
Percorrem no Cenário da Cidade
‘Aviões, caminhões ou chapadões que nada tem com meu nariz’.
Anúncios, fumaça e quilos e quilos de argamassa
E descobrimos cada dia mais pragas
Baratas, Ácaros e Formigas por fora
Vermes e Lombrigas por dentro ratos.
E descobrimos cada dia mais
Artistas, Religiões e Partidos
Conquistando a platéia no Centro da cidade
Assim alcançando a periferia.
Ao meu redor o que há nas pessoas me contagia
Quando vejo já estou andando depressa
Tudo que eu vejo é movimento
Não parece que só o que é vivo movimento expressa
Ao meu redor pedras plantas e animais parecem ter vontade própria
Vejo todo o massificado personificado
Tudo que vejo é tão humano
Não parece que só o que é humano é animado
O desenho dos muros é de tinta de grafite e de cola e papel
O desenho das calçadas é a bandeira do estado com chiclete porco fura dente colado
E descobrimos cada vez mais
Mendigos na Rua
Em tamancos Putas
E descobrimos cada dia mais
Medo e Angustia
Remorso e Culpa
Descobrimos no que era vergonha beleza
No que era certo tristeza
Tudo é lindo detalhe na sua individualidade
Paixão nos detalhes e Olhares que se cruzam
Entre os moradores da cidade
“Gente é para brilhar e está morrendo de fome’’
“Ela é linda, mais não tem nome”