sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Reinventei uma lembrança

Come a salada primeiro, depois eu trago o peixe. Eu nunca como peixe. Minha mãe tem nojo de limpar peixe. Meu pai que fez o peixe, está quente, por que vocês estão rindo? A cabeça do peixe, quem vai comer a cabeça do peixe? Não brinca com a comida, deixa a cabeça do peixe. É assim que se faz peixe assado. Minha mãe não faz assim, tem macarrão com salsicha? Experimenta o peixe. Com cabeça não. Minha mãe diz que comer o cérebro do peixe é bom, porque tem fósforo. Por isso que você ficou assim. É sério, acho que mais gente faz isso. Eu não quero o tomate que ficou perto da cabeça. Ele disse alguma coisa? Ela pegava pra mim com um palito de dentes. Hoje eu vou comer, mas semana que vem a gente almoça pastel, não é por nada, mas sua casa é longe. Você não vai comer o cérebro na nossa frente, promete?

domingo, 25 de novembro de 2012

Poema conto

Dormi ao lado de um homem.
Dormi com um homem que tinha uma lágrima.
Estava seca, mas ainda chorava.
Estava seca, mas eu provei e era salgada.
Eu provei, era uma lágrima mesmo.
A luz estava acesa, pude ver.

Seus dedos estavam entre os meus.
Minhas pernas entre as suas.
E entre um céu de sons,
eu procurei mas não ouvi,
a lagrima cair.
Eu conseguia ve-la se desfazer,
em meu rosto e pelo lençol,
em sua face branca sobre o travesseiro.
Dormi ao lado de um homem,
com a mais justa maquiagem
feita em um traço.

No meio da noite o vi de costas,
e seu corpo sugeria um abraço.
Que me custou todo amor que tinha para dar,
e o que não tinha, também.
Eu pude te dar o que nunca tive espaço para dar.
E pude experimentar um tempo que não é meu.
Eu dormi ao lado de um palhaço.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Um samba guardado


Canção para peça " Bendita Geni"


TIGRÃO
Vou deixar nosso amor de lado, mas não esquecido, guardado...

(entra a canção: Guardado)

Guardado
Vou deixar assim,
Deixar de lado
De canto nosso amor
Vou deixar assim,
Deixar de lado
De canto nosso amor

Mas esquecido não,
Eu vou deixar guardado.


Escute, por aqui está tudo calmo, eu ando bem,

Eu não quero amor,
eu não quero dinheiro,
eu não preciso viver muitos dias,
Já me basta você, 
Que é toda poesia

No purgatório das lembranças
Ela quem vai dizer,
“Guardo-te entre as memórias boas ou ruins?”
Ela quem vai dizer,

Se ela quiser que passe, passou.
Se ela pedir pra voltar, eu vou.

Ela quem vai dizer,
“como quer, meu amor, que eu lembre de você?”
Mas por enquanto fica assim,

Guardado
Vou deixar assim,
Deixar de lado
De canto nosso amor
Vou deixar assim,
Deixar de lado
De canto nosso amor

Guardado.

Quando ela chega
a certeza me visita
Meu corpo à deseja
Por toda vida

A mais bela lembrança,
A mais querida.
Um pensamento que é só afeto
Um sorriso discreto
Por todos os meus dias

 Se ela quiser que passe, passou
Se  ela pedir pra voltar, eu vou.

Mas por enquanto eu deixo assim,

Guardado
Vou deixar assim,
Deixar de lado
De canto nosso amor
Vou deixar assim,
Deixar de lado
De canto nosso amor

domingo, 18 de novembro de 2012

Por um triz

Canção para a peça: Bendita Geni

GENI.

(entra a canção: para sempre por um triz)

Canto como quem chora
com a voz do desencanto.
Quem já sofreu o amor,
entende esse pranto.

Mas eu não posso amar,
o amor não é pra mim,
o amor não me aceita
enquanto for assim.

Eu queria ser:
O voo da asa,
A flor da raiz,
O todo da parte,
A atriz do aparte
ser antes quem eu sou
do que aquilo que fiz.

Mas eu sou menos que o caso
a amante do caso
eu sou a meretriz
um encontro ao acaso
"pra sempre por triz"

Eu sou um beijo ébrio
na sua madrugada
escondidos entre a escada
em um abraço longo,
que encerra-se em si

Sou um noite inteira
que como brincadeira
não teve importância
E o novo dia esquece
aquilo que vivi

Eu me fiz a sombra
era o que podia ser
para ser feliz
enquanto a noite fosse.

Mas quando é dia (é dia)
o gato preto é preto
e o erro é erro
a esposa acorda
a amante espera
e a puta chora

A travesti não sabe
se ela acredita
que foi sua vez
que seu amor se fez
se foi sonho, outro sonho
ou se foi mentira.
Se chegou a tempo
Para sua vez.

(Fim da Canção)

ô nega


Ô nega, você aperta direitinho, essas tranças no cabelo
aperta direiinho, meu abraço quando eu chego
aperta direitinho o cigarrinho do preto.

Não nego, não tenho te amado direito,
e não volto pra casa tem uns dias
mas é só de saudades que se faz esse peito

que não sabe se canta ou se chora
a falta que cê faz na minha vida, ô nega.


Ô nega, você aperta direitinho, essas transas no cabelo
aperta direiinho, meu abraço quando eu chego
aperta direitinho o cigarrinho do preto.

domingo, 11 de novembro de 2012

Ser


O voo da asa,
a flor da raiz,
o todo da parte,
a atriz do aparte

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