quinta-feira, 11 de maio de 2017

No final, você sabe
Somos sempre nós dois
E problemas que não existem...

Se você também se pergunta, eu não sei
Engraçado é que nunca foi
Não é
E eu acho mesmo que nunca vai ser

sobreviventes

Somos mulheres
Nos encontros e nos desencontros somos
Mais do que cromossomos somos...
Sonhos
Sonhamos sonhos de mulheres
E algo é sim muito igual e muito diferente
Dentro da gente
Nos encontramos nos sofrimentos
Nas confusões que reverberam por dentro
Somos irmãs
Na boca há sempre um pouco
desse gosto de desprezo
Não passa
Só de existirmos já lutamos
Somos um fenômeno
Somos mulheres feitas de sonhos

a experiência de família

Minha mãe não senta
A avó reclama, preciso dizer
Meu pai respira muito sério e controverso antes de aceitar uma brincadeira...
Rezar na cama dos meus pais antes de dormir

Praia, terra, museu, bicicleta
Cinema, teatro
Impaciência
Surra de cinta, também é cultura
Um quarto só de livros
A gente dormindo meio amontoado
Um bloquinho de poemas
Poesia concreta
As obras que nunca terminam
Sol na lage
Viagem de carro para Bahia
Cantina italiana
E desde sempre ser parte da ordem e do caos
Da poesia, do trabalho, do cuidado e da ideia muito sensível e muito tímida
De que vivemos um pelos outros
Palavras sempre bem escolhidas
Demonstrações de afeto proibidas
E tudo muito claro
Tudo e nada
Família dói
Se desentende
Falta
E constitui da carne a alma
Todos os gestos estão aqui
Desaprendíveis
A voz do meu pai
O olhar dá minha mãe
Minha avó e minhas irmãs
A falta
Há falta de palavras e todo movimento revira por dentro
As vezes precisamos lutar
As vezes é só colo de mãe

sobre a luz

sobre a transcendência, as energias, a terra mae, a yoga, a macrobiótica, as aureas, a luz e as constelacoes... nao tenho muito o que dizer.
tenho saudade de alguns amigos que deram um mergulho muito profundo em si mesmos.
...
saudades da Mariana que tomou chá e pulou no rio.
estudo, leio, escrevo, quase que me obrigando a gostar de estudar, ler e escrever.
trabalho, trabalho e trabalho feito um jégue e me obrigo a pensar que o meu trabalho me faz uma pessoa melhor.
que eu estou contribuindo.
eu faco sexo.
tenho orgasmo em 98% das vezes. estou orgulhosa.
tenho relacoes saudáveis e amistosas com pessoas.
estou considerando seriamente dar uma segunda chance para Deus.
um pouco sem paciência para os psicotrópicos...
também sem paciência para me engajar nos esportes.
tenho prazer limpando a casa onde eu moro
prazer em ver a pia limpa, o guarda roupa cheio de roupa dobrada
sobre a antroposofia, a mediunidade, a meditacao, o caminho do divino sagrado da luz do tântra da mae terra...
talvez por extrema insensibilidade, medíocridade ou ignorância eu nao tenho nada o que dizer...
as energias místicas que eu senti foram só balinha mesmo, tablete, fome e pressao baixa...

O pai está fora

O pai está fora
A mãe está dentro...
O pai é a maldade
E a mãe a bondade
Nossa sede é de mundo
E de carinho
O mundo nos alicia
O carinho nos prende
E na confusão das vontades
Se constitui um campo minado
Deixamos-nos esfolar por todos os lados.
E de vez em quando temos a sorte
De conseguir sentir que um dia fomos animais.
O pai é o infinito de fora
A mãe o infinito de dentro
O pai é brutal
E a mãe é o intenso
Negamos tudo para tentar crescer
E depois de procurar por eles toda a vida
As vezes aprendemos o caminho da casa dos nossos pais

poesia

Me escolhe
Me cria
Me molha e me dissolve...
Na pia

Eu quero você
E não sei como
Eu quero o que você é e eu não
Me dobra
Me amplia
Me afasta
Me esfria
Me assopra
Desenha em mim
Cartografia
Me olha
Me ensina
Me diz uma só palavra

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Elfchen

Enttäuscht
Bin ich
Wenn du nicht
Meine bedürftigen Augen siehst
Aufdringlich