A morte é uma visita
que deixou suas coisas na sala
A falta se desdobra
eu vou mudando de lugar as malas
Tentando fazer caber
A visita nao foi nenhuma surpresa
mas demanda como sempre
Movimento
sentimento, necessidade de ocupar e desocupar
De ajustar
Respiro o ar com estranheza
O que mudou
com os olhos nao se pode ver
Tristeza
Saudades, nostalgia
contagiam os cantos, se instalam
Minha boca escolhe as palavras
com sensatez
Eu sinto muito
pelo dito e pelo nao dito
Pelo feito e pelo esquecido
pelas promessas que nao se cumpriram.
Vivemos
dividimos
A matéria nao é eterna
mas memória é terna
sábado, 31 de março de 2018
Se sombras em silêncio rezam em vão
Se eu ainda penso em encontrar suas mãos
Eu não estive e você não estará para outro verão
Nem pros olhos tristes
Estão os dedos em riste
No violão
Nem para outra lição, outra canção
Um prato a menos na mesa
Uma vela acesa
Se sonhos em silêncio despertam ou não
se ainda penso em encontrar suas mãos
Eu não estive e você não estará
para o outro verão
Se eu ainda penso em encontrar suas mãos
Eu não estive e você não estará para outro verão
Nem pros olhos tristes
Estão os dedos em riste
No violão
Nem para outra lição, outra canção
Um prato a menos na mesa
Uma vela acesa
Se sonhos em silêncio despertam ou não
se ainda penso em encontrar suas mãos
Eu não estive e você não estará
para o outro verão
encarar a morte com sensatez
o último desejo nao foi dito,
nao foi escrito
mudez
ética surda
papo de louco
pendura, lava, poem, tenta, destenta, tira, liga, desliga.
o ar é frio e condicionado
as complicacoes se somam até o sono sem volta
o último desejo da minha avó
ninguém nunca vai poder adivinhar
olhos de mar
pensamentos desconexos
as últimas palavras emergiam embargadas
os enredos complexos
das histórias que nao vamos saber
a foto da minha avó quando jovem
sempre foi e sempre será só estranheza
todas as pedras viraram pó
em nossa memória, um castelo
suas fortalezas e buracos
quem foi Maria José?
ela foi a nossa maior parte
nao a mais presente, nem a mais afetuosa.
mas essencialmente a nossa parte
que entoo orgulhosa.
talvez seu último desejo, nem ela mesma sabia
mas se eu tivesse de dizer, diria
que ela tinha desejo de casa, de pedra
de tronco e de terra.
e como qualquer outro em cima da terra
por mais estranho que possa parecer
Maria José queria ser amada.
quinta-feira, 22 de março de 2018
Desta vez não tenho a sensação de estar longe de casa, vou esburacando os meus medos e entochando sonhos por todos os lados.
Eu não estou mal, eu não estou com saudades, eu não estou com paciência.
Eu gosto de estar de baixo do céu azul, do céu imenso e de ser um ser humano vivo e que pensa, que sente e sonha por todos os poros.
Eu não estou mal, eu não estou com saudades, eu não estou com paciência.
Eu gosto de estar de baixo do céu azul, do céu imenso e de ser um ser humano vivo e que pensa, que sente e sonha por todos os poros.
Pesadelo sem acordar
O peixe no cozido
está vivo
nó no ouvido
zumbido na garganta
de nada adiante
pare o avião
eu quero comer
está vivo
nó no ouvido
zumbido na garganta
de nada adiante
pare o avião
eu quero comer
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