quarta-feira, 25 de novembro de 2015

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Alguma coisa errada

Quando nos separamos minha avó disse "tá vendo boba, se tivesse casado de verdade, nessa hora você exigia seus direitos". Eu me sentia tão absolutamente com uma mão na frente outra atrás, que aquilo fez todo sentido do mundo. A casa era minha, o liqüidificador era meu… Mas eu ainda sentia que haviam faltado com os meus direitos. Com os meus direitos mais humanos. Ser amado pela pessoa amada. Isso parece muito direito. Errado é abandonar quem te ama deixando meia dúzia de camisas sujas em casa. Isso não esta certo, se humilhar diante das camisas da pessoa amada.

Nos olhos da minha avó eu via a mais absoluta piedade, não que eu julgasse que não merecesse, só que suas grandes bolas azuis cheias de veias vermelhas me pegaram de surpresa. Minha avó não entende nada, mas sabia que eu estava sofrendo. E que aquilo, de alguma maneira não estava certo.

Não pode ser que a gente que ama tanto não saiba fazer o bem, não pode ser que o medo seja maior que o amor, não pode ser que a sensação de alguma coisa além da vida tinha unido as nossas almas passe a não significar absolutamente mais nada. Não pode ser que depois de um ano você me diga que não ama sua namorada e eu te confunda com um ciclista na  minha rua e grite seu nome pro vento. Isso está errado.

Todo mundo na rua está me olhando, e você nunca nem teve bicicleta. Isso de gostar de quem não gosta da gente deveria ser contra os direitos humanos, contra os direitos mais humanos do ser humano. Depois de um ano ver você assalta toda a minha humanidade.  Faz me sentir como um cachorro que não se reconhece de frente para um espelho.

Eu estou feliz, eu sinto que em toda minha vida, meus desejos e minha liberdade nunca foram tão contemplados no amor. Eu quero casar. Talvez você também queira, eu acho que você ama sim sua namorada. Mas algo me diz que no encontro dos nossos dois olhos tem alguma coisa errada.