quarta-feira, 20 de abril de 2016

entrelugar

nos meus sonhos ainda tem sangue
vivo com bastante intensidade
o entrelugar

guardo em mim um desejo vermelho
deixo crescer a vontade
de ir embora

tento apreender o que a vida ensina
me esforço para lembrar das palavras do meu pai e da minha mãe
aperto os meus pés contra o chão

eu quero ir embora
eu vou se a vida deixar

no entrelugar
me resta sentir o meu sangue se revoltar dentro de mim

escuto os meus medos mais estúpidos
os meus dentes uns contra os outros é para eu me lembrar que estou viva
e que eu vim lutar contra mim mesma

contra minha vontade de arrebentar com tudo
eu fiz um plano

eu vou recomeçar

ao meu amor, um beijo e um abraço
ao meu quarto, toda gratidão por me acolher e me guardar sempre todo amparo para suportar e desfrutar minha companhia
à minha família, uma promessa
aos amigos, tudo de bom que recebi
aos mestres, respeito

e ao céu que se estende e me pressiona a cada ciclo que termina,
um aviso: eu vou ter paciência para viver.


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