segunda-feira, 16 de junho de 2014

Intensa e maravilhosa.


Algumas experiências na vida são assim, avassaladoras, perversas, deliciosas, transformadoras, intensas e maravilhosas. “Por que ela veio tão bonita?”, “Porque estava de batom vermelho?”. Inexplicável, está além dos seus próprios poderes.

Quando a  experiência tem nome de mulher.

Tem nome, sobrenome, RG e CPF, ela é única, é cretina, faz você pensar que só ela te deixa assim,  e que não saberia jamais o que fazer com as mãos caso ela dissesse sim.

De fato, quando ela me beijou (até eu entender o que estava acontecendo) minhas mãos se conservaram gélidas ao longo do meu corpo com um soldadinho de brinquedo feito de plástico.

Eu sou seu brinquedinho.

Eu sou seu cachorrinho e ela percebe que enquanto se aproxima meu rabo começa a abanar. Disfarço, desconverso, faço de tudo pra não ficarmos sozinhas

Se ela chegar mais perto, eu desvio os olhos, se me procura os olhos, viro religiosa, peço ajuda pra Jesus, para santo Antônio e para os bombeiros. O que ela tem que as outras não tem?

Ciúme.

É o único jeito que ela sabe mostrar que gosta de mim. E não importa o quanto falamos de homens, sempre que na conversa tem outra menina “E você beijou ela?”. Respondo que sim, ela respira longamente, aparece um letreiro luminoso Brechtiano no meio da nossa linda noite de luar de lua cheia: CIUMES.

Jogo.

Eu não poderia deixa-la jogando sozinha, na oportunidade certa eu digo que a viagem pra Ouro Preto com ela não foi a mais importante do ano passado, nem nenhuma que ela foi junto...  Foi outra.

Ela respira longamente novamente. No letreiro luminoso: VINGANÇA. Ela  diz então que tentou ser lésbica e não conseguiu.

É um desafio? Quer que eu prove alguma coisa?

Não tive coragem, disse apenas que ela ainda iria conhecer muitas mulheres maravilhosas. “Como você?” Ela perguntou rindo. “Sim, como eu” Respondi rindo também. Não pulei em cima dela e não agarrei seus cabelos. (Embora não tenha pensado outra coisa por sequer um segundo daquela noite, de antes e de depois).

Enquanto isso.

Eu não toco em nenhuma das minhas outras amigas, e nunca dividi cama com nenhuma delas, e tirando algumas exceções não beijei-as também. Não desejo minhas amiguinhas, não olho tanto pra elas de longe na calçada fumando cigarro. E Carolina vai ser pra sempre minha namorada.

E nos nossos encontros tem mais jogos do que nas olimpíadas mundiais, as conversas mais duplo sentido que piada do Joãozinho. E todas as vezes que ela e seu frisson se aproximam é como se toda metafísica do mundo se explicasse na existência de um ser humano tão capaz de acelerar meu coração.

E de pisar nele, e de rir das milhares de pessoas que a escrevem poemas, e me colocar em uma compota de admiradores que  conserva.

Os canalhas ficam na melhor prateleira,  são os que babam, mas também gostam de a maltratar.

Maltratando.

Vou te maltratando, e você segue fazendo o mesmo, e vou te admirando, e você me admirando, e a gente vai enchendo a cara pra dar coragem, e se tocando de leve pra dar vontade. E de repente entre a gente tem tanta coisa, tanta gente.

Placar Final.

Ir embora sem vontade de se despedir.
E eu termino a noite do dia seguinte perdendo a hora do cinema porque essas palavras sobre essa gatinha não saem da minha cabeça.

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