quinta-feira, 11 de abril de 2013

História sobre as histórias que escrevi e não escrevi.

Durante os últimos dias tentei escrever uma história. Dediquei algumas horas, Troquei por vezes de posição, diferentes canetas, comecei uma serie de textos, mas, por fim, deixava sempre sentimentos inseguros me dominarem as mãos e rasgarem rascunhos, amassarem ideias e  lá iam elas, em bolinhas, para o cesto de lixo.

A primeira foi sobre a parede à esquerda da minha cama, sobre como estou cheia de mim sobre ela. Também falava sobre minha irmã dormindo ao meu lado direito e as sombras e marcas deixadas nas paredes do quarto durante algumas noites de alguns anos dormindo ali. Sobre minha vontade de arrancar com as unhas todas as marcas de dedo na pintura, riscos de móveis antigos e sujeira, imprimindo linhas de sangue do meu dedo, como contas de dias para sair dali.

Outra história era sobre uma grávida que queria alugar a casa da minha avó para ser feliz. E eu odiei aquela mulher, que me ofereceu a mão e eu cuspi, depois cuspia nos seus olhos atônitos, que nada entendiam, só escorriam, baba e lágrimas, pingando na enorme, horrivelmente enorme barriga. Mas estou tão cheia de rivalidades entre mulheres que não quis continuar essa história, me desinteressei...

Como pensar sobre o amor é uma atividade, quase de obtenção de energia para vida, para minha vida, principiei alguns textos sobre a gente, ideia fixa...  Além do poema ruim que não considerei e o recado romântico no papel higiênico, queria usar dessa relação da gente pra escrever outra coisa: uma história. Mas somos tão felizes! Estou com um pouco de sede de sofrer... Minha história teria toda graça da desgraça...

Ela seria misteriosa, com acontecimentos inexplicáveis, inacessíveis à razão, maravilhosa, brilharia como olhos apaixonados, seria de beliscar o peito, aquele aperto familiar, angustia, como ver seu reflexo no espelho depois de fazer uma besteira. Mas acabei escrevendo sobre a vontade de dizer. Foi porque não sei dizer.

Foi por não saber dizer. Percebo está passando, elas estão indo. Sei tanto da minha vontade, mas não sei dizer. As histórias estão mais ou menos por ai, em papeis amassados e rasgados, em passados passados, que meus olhos viram e não registraram, que não tive palavras para dizer. Só seria história se eu dissesse? Ela não precisa de mim, não quanto eu preciso, e quero, sentir de novo o que senti quando a história era presente. Ah! Tudo isso é tanto! Ah! Se eu soubesse dizer!